P'la madrugada, o sol encoberto,
Alva farinha no saco de linho,
Vinhas devagar, o passo era certo,
Já sorria, não estava sozinho.
Jorrando liquido, sempre por perto,
A mó rodava tão de mansinho,
Linda paisagem, o canal aberto,
Água correndo para o moinho.
Uns anos mais tarde, trinta talvez,
A conduta da água o que lhe deu,
A esbelta mó desapareceu!
Não mais voltarei, nem mais uma vez,
As silvas são tantas, o que aconteceu,
Ninguém s'importou com o que era teu.
Esta brisa suave, no mês de Agosto,
De preto vestida... senhora pobre,
Velhinha... que acaricia o meu rosto,
Reúne o rebanho, após o Sol-posto,
A sopa serve... o pão desencobre.
Uma breve oração... é muita a fé,
É grande o sorriso, enorme a destreza,
Bancos há poucos, ficamos de pé,
Peguilho repartido, assim é que é,
Momento sagrado, em volta da mesa.
Uma candeia, lá vai debitando,
Alguma luz,nenhum contratempo.
Pega na côdea, já vai labutando,
Na masseira, o pão amassando,
P'ra me sorrir, ainda tem tempo.
Como é possível, uma vida assim,
Feliz com tão pouco, tanta pobreza!
Por vezes a tempestade não tem fim,
Numa casa de pedra, e barro ruim,
Abriga a família... que riqueza.
. Pinhel
. ...
. Casa de pedra e barro rui...
. Mulher
. Nenhures